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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

1. A Ética e a Moral

As palavras ética e moral são comumente usadas de modo intercambiável. Quando empregamos a palavra ética, estamos nos referindo a um conjunto fixo de leis (morais) pelo qual se pode avaliar a conduta humana. Com outras palavras, podemos entender a ética como um conjunto de padrões (o que se deve ser) pelo qual se avalia a conduta humana e julga como moralmente certa ou moralmente errada. O termo costumes é indicativo da espécie de conduta com a qual uma pessoa se compromete – seja boa ou má. Sem as leis morais (ética) não faz sentido falar de avaliações morais.

Deve-se notar que sem nenhum padrão ético, os julgamentos morais não seriam possíveis. Além disso, as únicas leis objetivas do universo seriam as leis da física e da química e, os julgamentos morais seriam absurdos. C.S. Lewis descreve como a vida seria se toda conduta fosse reduzida à obediência às leis da natureza:

... e o naturalismo estiver correto, “devo” seria a mesma espécie de declaração que “sinto calor” ou “estou me sentindo mal”. Na vida real, quando o homem diz “devo”, podemos responder: “Sim. Você está correto. É isso que se deve fazer”, ou então, “Não. Acho que você está enganado”. Mas num mundo de naturalistas (se estes realmente aplicassem a sua filosofia fora da escola) a única resposta sensata seria: “Oh, você está?”. Todos os julgamentos morais seriam declarações relativas aos sentimentos do interlocutor, tomados por ele como sendo declarações sobre outra coisa (a qualidade moral real dos atos) que não existe. [1]

Ou seja, se todos os julgamentos morais são reduzidos a descrições daquilo que é, então não há base lógica para oferecer prescrições para que deve ser.

A distinção entre “o que é” e “o que deve ser” é uma diferença essencial entre o fato da conduta humana (costume) e a lei da natureza humana ou a lei natural (moral). Sem essa diferenciação, "o que se deve ser” simplesmente se reduz ao “que é”, e a distinção entre costumes e moral desaparece. Passam a ser matéria daquilo que é a conduta socialmente aceitável; o étnico define a ética – a sociedade determina o que é moralmente correta.

À luz do que já se afirmou, queremos trazer a questão das leis morais universais para o nível individual e discutir a existência de obrigações éticas pessoais. As pessoas normalmente concordam que os nazistas estavam moralmente errados e foram culpados a cometer “crimes contra a humanidade”. Contudo, esses mesmos indivíduos podem facilmente mudar de posição e discordar da existência de leis morais e objetivas e obrigatórias. O principal argumento desses indivíduos quase sempre se baseia na convicção de que a ética é subjetiva e pessoal.

Também deixamos clara a validade dos absolutos morais e as conseqüências de negá-los. Concluímos que o julgamento de Nuremberg foi baseado em verdades auto-evidentes e absolutos morais como os demonstrados na Declaração de Independência dos Estados Unidos. Como vimos, demonstrou-se em Nuremberg e Berlim que esses absolutos morais existem como base das leis civis para todos os governos. Além do mais, cada ser humano – por meio de sua consciência – é considerado responsável por violar as leis morais:

Estes são, portanto, os dois pontos que queria estabelecer. Primeiro: que os seres humanos, em todo o mundo, sabem que devem comportar-se duma certa maneira, e que não podem livrar-se dessa situação. Segundo: que eles na realidade não se comportam daquela maneira. Conhecem a Lei da Natureza, e a infringem. Estes dois são a base de toda a reflexão quanto a nós mesmos e quanto ao universo em que vivemos. [2]

Lewis cria que todos os indivíduos têm consciência de uma lei moral impingida que devem guardar mas, na verdade, não podem guardar e não podem se livrar dela. Disse também que esses dois fatos são o fundamento de todo o pensamento claro e posteriormente acrescentou: “Sendo esses dois fatos a base, convém firmá-la muito bem...”. Já firmamos esse fundamento com referência a mostrar que a lei moral não é apenas uma questão de convenção social – como sistema educacional. Como Lewis assinalou, o fato de aprendermos algo com nossos pais ou professores não significa que isso necessariamente seja meramente uma invenção humana. Da mesma maneira que as leis básicas da lógica ou da física são ensinadas por professores nas diferentes culturas, e não mudam de uma cultura para outra, também acontecem com a lei moral universal. Pode-se perceber facilmente isso nos julgamentos morais: Quando julgamos ações como moralmente certas ou moralmente erradas, como no caso dos nazistas, na verdade, estamos avaliando-as com base na lei moral. Portanto, leis morais universais necessariamente existem.

Basear todos os julgamentos numa convenção social é apenas uma tentativa (dentre muitos) de eliminar a crença nos valores objetivos. Duas outras concepções populares tentam reduzir a ética aos instintos humanos ou às emoções humanas.




[1] Milagres, p.36.

[2]Cristianismo puro e simples, p.4.

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